A lendária Poltrona Rio, de Bernardo Figueiredo
Publicado em 07/08/2017
Bernardo Figueiredo foi e continua sendo um grande nome do design moveleiro nacional, de quem a Schuster exibe uma bela coleção, em memória*, de 17 peças, dentre elas a lendária Poltrona Rio.
Além da Poltrona Rio, Bernardo criou peças muito significativas para o design brasileiro, como a Poltrona Carioca, de madeira maciça e couro soleta, e o Sofá Conversadeira, peça clássica do repertório do autor, desenvolvido originalmente em 1960 para o Palácio Itamaraty. A propósito, este ano a Schuster reeditou outras duas peças de Bernardo – a Poltrona Leve e a Mesa de Centro Cristal –, que serão apresentadas esta semana (8 a 10 de agosto) na High Design Expo, em São Paulo, principal evento de mobiliário de alto padrão da São Paulo Design Weekend!.
O trabalho de Bernardo Figueiredo com o desenho moveleiro começou cedo, durante a sua fase de formação em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. Na época, ele chegou a desenvolver a média de 80 desenhos em apenas 6 anos; foi nesse período que a Poltrona Rio foi projetada.
Depois dessa fase inicial, Bernardo se recolheu do design e trabalhou mais com arquitetura. Por essa razão, algumas de suas peças viraram peças de acervo do Itamaraty, sendo redescobertas após algumas reedições. Seu trabalho foi relançado pela Schuster no início de 2011, ano que precedeu a sua morte.
Em entrevista concedida à Regina Galvão, editora de Casa Claudia, em 2011, ano em que estavam sendo reeditadas algumas peças do autor pela Schuster, ele declara: “Já se passaram mais de 40 anos e minha mobília virou peça de acervo [...]. Vê-la de volta ao presente é um choque, uma emoção muito forte” (fonte: aqui).
Como o nome já indica, a Poltrona Rio representa com primor o estado de Bernardo, “a cidade maravilhosa” – o Rio de Janeiro.
A peça, leve e arejada, revela aspectos tropicais característicos de um dos estados mais bonitos e importantes do país. Composta de materiais bem brasileiros, como a madeira nobre e a palhinha no encosto e no assento, a Poltrona Rio é símbolo não apenas do design, mas da arte e da cultura nacionais.
Levemente inclinada, a Rio comporta, ao mesmo tempo, singeleza e resistência, conforto e estilo. Para Sérgio Rodrigues, outro grande nome do design nacional, esta peça de Bernardo é um ícone do uso da madeira, material que foi, segundo Rodrigues, utilizado com paixão pelo criador da peça.
Como se vê nos pés, no encosto e no assento, a Poltrona Rio brinca com a linearidade e carrega toda uma simplicidade que parece fazer menção ao mais simples ato de sentar na varanda e contemplar a cidade à qual faz menção.
O excelente trabalho de Bernardo Figueiredo com os materiais tipicamente nacionais, sobretudo a madeira de jacarandá, o couro e a palha, faz da Rio e de outros de seus móveis tão abrasileirados, como os bancos Rodeo e Toti, dignos de todo reconhecimento, a exemplo do que a Schuster fez, reeditando as suas peças e lhe dedicando toda uma coleção – a Design do Autor II.
*O falecimento de Bernardo ocorreu em 2012.